Pedro Valdez Cardoso
"Crude"
Museu da Cidade, Pavilhão Branco
Campo Grande, 245
Terça a Domingo, 10:00 - 13:00, 14:00 - 18:00
23 de Novembro de 2007 a 13 de Janeiro de 2008








Vinçon. Uma loja de productos de diseño contemporáneo para el hogar, que abriu as portas em 1941, em Barcelona. Este saco foi desenhado em 1995. Vinçon explica: “El destino hizo que un día llegara esta postal a Vinçon. El mensaje y la fuerza que transmitía nos animaron a contactar com su creadora. Barbara Kruger aceptó que su obra se convirtiera en una bolsa para nuestra tienda. La obra original de esta artista neoyorkina tiene el texto en inglés pero ella aceptó la versión castellana de esta manipulada frase de Descartes.”

Ou em catalão, que também é divertido: “El destí va fer que un dia arribés aquesta postal a Vinçon. El seu missatge i la força que transmetia ens van animar a contactar la seva creadora. Barbara Kruger va accedir a que la seva obra es convertís en una bossa per a la nostra botiga. Si bé l’original és en anglès, l’artista de Nova York va acceptar la versió castellana d’aquesta manipulada frase de Descartes.” Passeig de Gràcia, 96, Barcelona. Castelló, 18, Madrid.













Cruzam-se no balneário. Diz Nódi: “Tens um corpo tão bonito, tão perfeito, pareces um príncipe, gostava de encher-te de beijos”. “Podes avançar”, responde o Príncipe, petulante e gracioso. Nódi chega por trás e beija-lhe os ombros, o pescoço, sobe para o rosto. O Príncipe sente-se endoidecer, como se a sua cabeça fosse explodir, uma vibração a arrepanhar-lhe cada músculo do corpo. Mas parece que alguém se aproxima. O Príncipe afasta-se rapidamente. Segreda-lhe ao ouvido: “Falamos depois”, e encaminha-se para a piscina.

O Príncipe entra no recinto, ou antes, sai para o exterior, muito seguro de si, mirando o seu corpo. Apregoa-se, vaidoso, os ombros movem-se com elegância. Rompe o sol e lança um olhar que abrange toda a piscina. Feliz local, soberba piscina. Ao longo das margens fazem-se grupos que conversam. Outros vão analisando o que se passa dentro de água. As suas presenças são alegres, ruidosas, sorridentes, estão em grande descontracção, energizados pelo sol. A passagem do Príncipe causa sucesso, cabelo muito ajeitado, alourado, pele cobreada pela exposição constante aos elementos. A graça! O focinhito! Chega junto da sua turma, já à distância gritavam por ele, atiravam bizarrias. Terminam o aquecimento e iniciam o treino, mergulhando um a um, e nadando desenfreadamente.

Mas esta turma é também uma equipa da Polícia-da-boa-vontade. Esta Polícia intervém em conflitos que necessitam de uma voz conselheira e calmante para plena resolução. Os desmandos são variados: um grupo de pessoas que se enfrentam à pancada, na via pública, motivados por qualquer questão mesquinha ou pitoresca; um assaltante que se barricou atrás do balcão de uma geladaria, recusando-se a sair, apesar de já não ter munições, nem reféns, nem ninguém que lhe sirva um gelado. O gelado será servido por um dos elementos da equipa, mas isto é lá mais à frente; outras vezes há pessoas que se engalfinham no trânsito, certo dia houve um ataque a um automóvel por populares linchardes, pedindo razões ao seu condutor, esmurrando-o, partindo tudo no interior do habitáculo. A Polícia-da-boa-vontade irradiou a cena com a sua presença luxuriante e apaziguadora. Os beligerantes foram conduzidos ao hospital, os carros rebocados, a equipa feliz.

Estava então a rapaziada a meio do seu treino quando o alarme toca no pulso da Capitã. A equipa é reunida. São dez elementos atléticos, bronzeados, nove masculinos capitaneados por uma fêmea enérgica. Há inteiramento da situação, que chega por rádio. Correm para os patins e correm para a cena do litígio.

A piscina é aberta para a cidade, tal como todos os equipamentos públicos. Construída numa pequena elevação, domina a parte baixa da urbe, de prédios pouco elevados e jardins. Do seu recinto saem troços de uma rede de finas vias para patinagem que se ramifica sem perdão, chega a todo o lado como uma praga, dando a ilusão de uma vilória que se percorre em poucos minutos e onde todos se conhecem. Os nossos heróis patinam, os corpos secam na deslocação, misturam-se com as multidões que por vezes se formam nas avenidas mais largas. Roçam as tangas pelo trânsito, o cuzinho rijo, o sorriso em riste.

Já chegaram. Espalham-se estrategicamente. É o Tiger que se acerca do infeliz barricado. Avança, moreno, soberbo, beto, medindo o cenário. Mesas e cadeiras pelo chão, um rasto de desolação que espalhou gelado, coberturas, enchendo o pavimento de cor. Não há sangue, não há feridos. Tudo uma delícia. Fala com o agressor sem cerimónia, uma conversa mole, quase o trata por “querido”. “Você isto, você aquilo”, “Vou-lhe servir um gelado”, “Escolho eu os sabores”. O outro mudo, a observá-lo preparar também uma taça para si, esganado que estava, a escolher a bolacha, o creme de amendoim. Lambuzam-se os dois de gelado. A confiança parece estar ganha, mas o personagem não sai detrás do balcão. Nada o demove.

“Eia!” A Capitã está farta de lambuziquices. Apossa-se de um bloco de gelado e atira-o ao assaltante. Que o apanha com cuidado. Num ápice come com todos os membros da equipa em cima, que o imobilizam, apertando-o fortemente nos braços. Despacham-no para o hospital, e a boa disposição volta à geladaria. Populaça vai entrando e cada um dá uma mão e ajuda na limpeza. Os polícias galhofam, provocam-se, dançam sobre os patins, servem-se de gelados. A música toca.

E eis que zarpam. A matilha da tanga negra rola pela cidade, cabelos ao vento, de volta à piscina. Passam por Nódi, que rola em sentido contrário. O Príncipe dissimula, segreda-lhe ao ouvido. Juntar-se-ão amanhã à tarde.


Nuno Marques Mendes



































André Guedes
"Informações/Information"
Chiado 8, Arte Contemporânea
Largo do Chiado, nº 8
Segunda a Sexta, 12:00 - 20:00
31 de Outubro de 2007 a 4 de Janeiro de 2008






"A actividade social chamada comércio, por mal vista que esteja pelos teoristas de sociedades impossíveis, é contudo um dos dois característicos distintivos das sociedades chamadas civilizadas. O outro característico distintivo é o que se denomina cultura. Entre o comércio e a cultura houve sempre uma relação íntima, ainda não bem explicada, mas observada por muitos. É, com efeito, notável que as sociedades que mais proeminentemente se destacaram na criação de valores culturais são as que proeminentemente se destacaram no exercício assíduo do comércio. Comercial, eminentemente comercial, foi Atenas. Comercial, eminentemente comercial, foi Florença."

Fernando Pessoa, “A evolução do comércio”, in Revista de Comércio e Contabilidade, nº3, Março de 1926








Calouste Sarkis Gulbenkian. O petróleo. O Iraque. O dinheiro. A Arménia. A Turquia. A Segunda Guerra Mundial. A cultura. A Fundação Calouste Gulbenkian. Tem tudo a ver com o século XX e tem tudo a ver com o século XXI. Enquanto houver petróleo, enquanto houver cultura. Enquanto houver civilização, enquanto houver Iraque, sei lá. Retrato de Charles Joseph Watelet, 1921, caricatura de André Carrilho, 2005.









































Catarina Dias
"Resto"
Vera Cortês, Agência de Arte
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Terça a Sexta, 11:00 - 19:00; Sábado, 15:00 - 20:00
10 de Novembro a 22 de Dezembro de 2007