Balmain
por Django


Saía para o terreiro em frente, um baldio, vasto, espaçoso, apetecível, vestindo o clássico roupão branco Armani, óculos Cartier, com um Virginia Slims aceso. Andava inchado, soltava umas fumaças. Chegado a meio do terreiro atirava-se, de costas, esfregava-se no chão, resfolegava.

Balmain era o missing link entre a discoteca His Master's Voice e o bando de patifes que tinham tentado rebentar o Hotel Estoril Sol. Contamos descobrir porquê. Não era, de todo, o paciente típico do Dr. Gloss. Tenho até dúvidas de que alguma vez o tenha consultado. Não era uma pessoa complicada. Gostava de levantar pó. Talvez fosse um dos financiadores das actividades político-literárias de Rodrigo de Almeida. Um dos contribuidores do fundo monetário internacional que o Rodrigo geria, um misto de dinheiros privados e familiares, uma parte do qual garantia a sobrevivência do seu irmão renegado e outra deveria ser aplicada em acções subversivas.

Kaytlin Kennedy, avistamo-la agora, a um canto do terreiro, sentada numa pedra. De mini-saia, óculos de sol brancos, quadrados, fumava cigarros não sei de que marca. Olhava para Balmain, indiferente. Que agora gargalhava, com os dentes cerrados, o cigarro entalado entre os dentes, gordinho, a esfregar-se na terra. Très amusant.